Baixos salários: a meia culpa dos fisioterapeutas

Ao falarmos de remuneração, é difícil alguém da categoria se opor à ideia de que os fisioterapeutas deveriam ganhar mais e dois argumentos são muito utilizados pelos profissionais para defendê-la: os investimentos na graduação e em cursos de aperfeiçoamento, de extensão e/ou lato sensu. Natural que depois do volumoso aporte em formação acadêmica, de tempo e dinheiro, a pessoa tecnicamente preparada para exercer um ofício deseje receber em troca de seus serviços uma remuneração mínima. Mas qual seria o valor dela? Se considerarmos uma mensalidade de R$ 500,00, curso com duração de 05 anos, para o fisioterapeuta retornar o investimento apenas com a obtenção do diploma de nível superior, sem contar as despesas com livros, transporte e alimentação, por exemplo, precisaria receber, entre outras alternativas possíveis
  • R$ 1 mil mensais por 30 anos;
  • R$ 2 mil mensais por 15 anos;
  • R$ 3 mil mensais por 10 anos.
Honorários são sinônimos de valorização entre as categorias profissionais regulamentadas por lei e na Fisioterapia não são incomuns os casos de muito investimento em qualificação para pouco retorno financeiro. Uma pesquisa interessante, realizada pela Fisioconsult, demonstrou a progressão salarial do fisioterapeuta em relação ao tempo de formado e nela a média aritmética das rendas nos 10 primeiros anos é R$ 3228,10, porém nos 05 iniciais variam entre 1115 e 2350 reais, o que talvez estimule a desistência de muitos, o que aconteceu com boa parte dos que formaram comigo em 2002.

Além dos baixos salários, o índice de trabalho informal é alto e em outra , realizada por esta Comunidade no Brasil, mais de 40% dos profissionais recebem menos que o piso salarial, outros 26% mais que ele, totalizando pelo menos 66% de fisioterapeutas trabalhando sem carteira assinada. 
Pensemos: se o nosso trabalho é tão valorizado como bradamos, por que desse cenário? 
O primeiro e mais claro motivo é que outros não o vêem da mesma forma que nós e se isso não lhe diz algo, você deve assistir o vídeo a seguir: definitivamente precisamos melhorar a comunicação com nossos públicos! Se o paciente não é capaz de entender claramente o que fazemos porque ele pagaria bem por isso?

O segundo, e não menos importante, é a insistência do fisioterapeuta em estabelecer relações de trabalho com base em percentuais de participação no faturamento do respectivo serviço, mesmo que na prática ele seja um empregado sem carteira assinada, ou pior, assumir a terceirização como pessoa jurídica e junto com ela o ônus trabalhista do qual o empregador gostaria de se livrar, mas que ainda sim concorre solidariamente, mantendo o insuficiente regime de pagamento aos seus funcionários. Sobre essa questão, é de leitura mandatória o artigo a seguir.



Por último, longe de esgotar a polêmica, o conhecimento básico sobre gestão daqueles que pretendem abrir o próprio negócio, cerca de metade do participantes da , uma ameaça a sustentabilidade dese tipo de iniciativa, consequentemente, aos rumos do mercado da Fisioterapia, uma vez que a inclinação para a autonomia é a mais representativa das intenções entre os fisioterapeutas: quando se extingue um emprego surge uma oportunidade nessa frente de trabalho.


São claros os sinais de que ainda a um longo caminho a percorrer, cabendo aos fisioterapeutas mostrar para que realmente "servimos", pois se o que importa é ganhar mais e não melhorar as condições, no fundo, parece que a assistência fisioterapêutica é o que menos interessa, o que não reflete a relevância da profissão para a sociedade¹Se você a ama e valoriza, empreenda com estratégia ou reivindique seus diretos trabalhistas na Justiça através de um advogado, caso esteja em situação informal de trabalho.

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